segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dica de Cinema: Distrito 9

Andei dando uma abandonada nesse blog. Eu sei, eu sei, é sempre aquela desculpa de "olha, não estou animado a escrever, porque não tem comentários", vou pular essa merda e postar logo ("tá demorando porque mané?" é o que você deve estar dizendo).

Dica de cinema:

Distrito 9



Sim, é um filme sobre aliens de produção americana (embora tenha diretor africano) e ai vocês podem começar a pensar "beleza, mas um filme de invasão que os bons americanos vão matar os alienígenas maus". Você já deve estar imaginando as batalhas aéreas de caças gringos detonando disco voares e no final mais uma apologia disfarçada a guerra com direito a vários monumentos históricos destruídos e um jeito idiota de matar os alienígenas. Certo?! Não, um filme desses, eu nem perderia mais o meu tempo assistindo e muito menos escrevendo uma critica dele (mesmo que eu não tenha nada para fazer).

Distrito 9, é um filme que foge das regras Hollywoodianas, seu enredo, embora não seja um primor da originalidade, ele é bem feito e com uma abordagem diferente de um monte de filmes de ficção cientifica.



A área que dá nome ao filme é uma espécie de favela que alienígenas (chamados de “camarões” pelos humanos) estão morando, não porque quiseram, mas porque foram obrigados. A nave deles foi encontrada sobrevoando a Terra, sem condições de voltar para o planeta de origem. Os aliens foram encontrados famintos e logo foram morar perto de onde a nave sobrevoava. 20 anos se passaram desde chegada deles e os mesmos não tinham intenção de voltar para o planeta deles.

Os 20 anos que separam o começo da historia para o filme em si, não são descartados. É impressionante como o roteiro é bem feito nesse sentido, os aliens se adaptaram a vida, cultura e tecnologia da terra, além de fazerem amizades e alianças, embora o preconceito continue grande e por causa disso os aliens são obrigados a lidar com traficantes nigerianos e obedecer a leis próprias para eles de restrição de armas e tecnologias humanas e alienígenas.


Wikus van der Merwe trabalha para o governo e tem a missão de deslocar os aliens para um lugar longe da civilização. Logicamente, os "invasores" não querem sair dali e o tratam mal. No meio disso, ele acaba entrando em contato com um liquido que faz seu braço se transformar aos poucos em uma garra alienígena e ele acaba sentindo na pele a experiência de mudar de lado, tornado-se um excluído social.

A inspiração para essa história não veio só da ficção cientifica. O diretor é africano e conviveu de perto com o Apartheid, regime que privilegiava a segregação racial entre os brancos e negros na África do Sul, no qual os Brancos tinham o poder e o resto (povo nativo do continente) eram obrigados a aceitar, assim o filme nada mais é do que uma metáfora, como se os Aliens fossem os negros no tempo do Apartheid e os humanos seriam os brancos, algo genial, pois é muito mais fácil enxergar com é ruim esse problema quando temos raças totalmente diferentes uma da outra, mas que poderiam conviver pacificamente se entendessem isso, o que é mostrado no filme.



É realmente um milagre o que foi feito em termos de efeitos especiais em um filme barato para os patrões hollywoodianos (30 milhões de dollares, é sério isso, é muito barato, qualquer filme meia boca que vai direto para locadora costuma custar mais que isso). Tem tiros, robôs, explosões e todos os aliens que se movimentam em cena são virtuais, embora não pareçam. Para conseguir excelentes resultados, mas com orçamento baixo, foram contratados atores desconhecidos e as filmagens foram feitas em locais reais, o que deu um toque a mais de realidade ao filme.



Quer um filme de ficção cientifica, mas que ao mesmo tempo tenha uma forte e excelente critica social? Esse é o filme que você deve assistir. Tem atores e diretor desconhecidos, mas é um filme de bons feitos especiais que não segue a cartilha de Hollywood. Vale o ingresso.